Drive – A Real Hero.

Antes de ler coloque Kavinsky – Nightcall para tocar e venha comigo.

Drive filme do diretor inglês Nicolas Winding Refn foi lançado em 2011 nos EUA e em março de 2012 no Brasil. O filme conta a história de um motorista (Ryan Goslin) que enquanto no dia trabalha de duble e mecânico, a noite se dedica como piloto de fuga de bandidos e mafiosos. O motorista acaba então se relacionando com Irene (Carey Mulligan) sua vizinha que é casada e tem um filho com Standard Gabriel (Oscar Issac) que durante o filme sai da prisão. O motorista vendo a situação da família resolve ajudar o ex-detento em um assalto após ser ameaçado de morte. Mas o golpe dá errado e o motorista tem que resolver uma situação que coloca a vida de Irene e o filho dela em risco.

O filme aclamado e aplaudido de pé no festival de Cannes mostra uma clássica historia de cowboy, ou melhor um cowboy atual, o homem sem nome, com um passado misterioso que chega a uma cidade e ao se relacionar com as pessoas do local resolve ajuda-los. A mistura de faroeste atual, mas com um clima anos 80 é o ponto alto do filme. Mesmo se passando nos dias atuais o filme é composto por uma trilha que remete aos anos 80 o famoso Synthpop.

O Synthpop é um subgênero da música new wave (elemento musical que incorpora música eletrônica, música experimental, mod e disco) Se tornou popular nos anos 70, mas caiu nos anos 90 ressurgindo com a internet nos anos 2000 influenciando não só a música, mas como cinema também, percebemos isso no marketing do filme com cores vibrantes (rosa e roxo) e musicas que remetem aos anos 80 , mas nos dias atuais. O Synthpop é a mistura do sentimento de nostalgia com futurismo e Driver carrega isso, o motorista é totalmente baseado em personagens bad ass dos anos 80, mas carrega o peso e os dilemas morais de um personagem da época atual.

O motorista vive uma vida de perigos, mas ao conhecer Irene ele participa de uma parte da vida que ele tanto desejou: A normalidade. em Irene ele sonha e imagina ter um futuro onde todo o seu passado de piloto de fuga desapareça e que possa então encontrar paz, mas a chegada de Standard muda o jogo fazendo o motorista entrar novamente nessa vida. O filme é boa parte parado mostrando a vida do motorista e as peças do tabuleiro que logo ira se virar, a partir de uma hora de filme uma corrida desenfreada atrás de vingança começa e vemos o personagem então cair na realidade percebendo que é impossível que ele viva essa realidade no qual ele é um herói de verdade e que sim está fadado a morte e a fuga ele então aceita o seu destino.

Drive é uma experiencia não só visual, mas musical também, não existe um filme Drive sem a música, logo de início já ouvimos Kavinsky – Nightcall que já mostra o clima Synthpop que o filme carrega, a trilha sonora de Driver é importante para mostrar o verdadeiro sonho do personagem desse filme que é ser um herói de verdade, embalado nesse ritmo vemos o personagem fugir de sua antiga vida e tentar ser um herói, mas falhando ao saber que aqueles que amam podem estar em risco.

A partir daqui contém spoilers de Drive

A cena do elevador (A minha favorita do filme.) é um show de direção e desenvolvimento. O motorista traz Irene para trás e a beija como se realmente estivesse declarando seu amor a ela e a vida que ele queria ter, uma vida simples e feliz, mas ao mesmo tempo que termina de beija-la parte para o capanga de Nino (Ron Perlman.) que estava com eles no elevador, e o mata pisando na cabeça repetidas vezes, observe que de um momento romântico ele pula para a insanidade e a brutalidade do personagem, mesmo que o motorista conseguisse sua vitória em cima da violência ele ainda seria esse ser brutal.

Ele termina de matar o capanga e olha para Irene assustada com a brutalidade do motorista e em apenas um olhar dos dois o elevador se fecha e nesse momento percebemos que o motorista nunca ficará com ela e o seu destino é ser esse cavaleiro solitário.

Após sua vingança o motorista é esfaqueado por Bernie (Albert Brooks.) um dos antagonistas do filme e acaba ali no carro sangrando por fim liga seu carro e dirige sem rumo, a várias interpretações, talvez ele siga para outro lugar sendo um cowboy indo de cidade em cidade sem destino sem uma casa sem uma família, ou morrendo ali demonstrando que no fim ele se tornou um herói que uma vez pensou a ser. Gosto de pensar que é a última aonde o mesmo vai embora ao som de Real Hero, o nosso herói parte em busca de um destino sabendo que finalmente provou ser “A real human being, and a real hero”

Drive mesmo sendo violento traz um romantismo e amor a uma historia de um homem que apenas dirige e que quer ser amado, mesmo hoje não sendo tão reconhecido Driver traz o sentimento de liberdade e a sensação de que nós podemos ser os heróis de nossa história.

“I Don´t carry a gun, I…..Drive”